A Dor De Esperar...

É uma das coisas mais difíceis a aprender e (bem) usar. Na vida toda. Mas faz

parte. A espera faz parte da nossa vida. O tempo passa, umas vezes a correr, outras devagar, outras ainda quase parado. Mas não pára. A espera é precisa em tudo na vida. Para que qualquer coisa fique “pronta”; seja pelo cozinhar de um prato ou de um filho; temos de esperar.Na espera é preciso paciência. Porque todas as coisas têm o seu tempo de acontecerem. O tempo de nascerem e amadurecerem. Cabe-nos saber esperar o tempo necessário. Por vezes esperar é doloroso, noutras delicioso. Pior, só quando se

não espera por nada (porque se não tem!) É penoso esperar por alguma coisa que sabemos de antemão que vai acontecer, quer seja uma coisa que queremos muito ou uma que não-nada. Aqui, ou o tempo

“alarga”, cresce e brinca connosco, rindo-se de nós, da agonia em que nos deixa; ou se “encolhe” e foge de nós sem o conseguirmos, por mais rápido que corramos, apanhar. Quem não esperou já por um resultado de um exame de saúde de algo potencialmente grave? Ou pela comida aquecer? Ou, cheio de fome, numa fila de um restaurante? Ou por um táxi que nunca mais chega? Ou por um resultado de um exame? Ou por uma mensagem no telemóvel daquela(e)? Ou por ter horas a mais em determinados momentos, com determinadas pessoas? Ou por mais um minuto que fosse? Quem não esperou já, aflito, à porta de uma casa de banho cheia de gente? Ou numa repartição pública à hora de almoço? Quem não já esperou para (finalmente) dormir quando “carregamos” insónias? Ou que o tempo se preste a acontecer quando não passa?Existem as esperas significativas, as grandes esperas da vida. Da nossa vida. Quem não as tem? Espera-se para nascer. Espera-se para morrer. Espera-se por coisas boas e (que não aconteçam) coisas más. Esperamos por pessoas. Esperamos pelo momento certo para dizermos coisas significativas. Esperamos pelos filhos, pelos sobrinhos. Esperamos por Portugal. Esperamos pelo Ruanda. Esperamos pelo

Mundo todo. Esperamos.Existem as coisas terríveis de esperar. Quando sofremos, por exemplo de amor.

Sabemos que é uma questão de tempo, de espera. Até digerirmos as coisas. Mas, e a espera? É horrível essa espera. O tempo aí, está claramente contra nós. Parece que, de propósito, não passa. Que pára. Mas anda. Lentamente, é certo. Mas passa. Basta esperar. Sim, porque, quer se queira quer não, tudo,  invariavelmente, acaba por passar. O resultado do exame chega e não tens nada. A comida fica quente e apetitosa. No restaurante sentam-te e devoras as entradas. Apanhas boleia de um amigo e já não precisas de táxi. Recebes 18 no exame. A pessoa porque esperavas aparece. Tudo acaba por passar. Umas vezes demora mais tempo, outras tempo nenhum. Umas vezes como queríamos, outras nem tanto. Certo é que toda a espera um dia acaba. E quando acaba, ou realiza-se o que mais queríamos ou acontece o que mais temíamos. De qualquer forma, vale sempre a pena esperar. Mesmo quando parece que não. Porque as coisas más passam. E porque as boas aparecem vindas de todos e de lugar nenhum; e a maturidade faz-nos

respeitar o tempo certo das coisas acontecerem.

Basta esperar.